O Passado Refletido no Espelho do Futuro

Autor: Jonny

Ficha Técnica:

Castlevania: Lords of Shadow – Mirror of Fate

Data de lançamento: 8 de março de 2013 (3DS) / Outubro de 2013 (versão em HD para Playstation 3 e Xbox 360. Também disponível para PC)

Plataforma: 3DS (testada) / PS3 / Xbox 360 / PC

Outras análises do autor para o RPG: Animais Fantásticos e Onde Habitam (filme)/Street Fighter V (PS4 e PC)/A Shadow Falls (cinemático SF V)

Lords of Shadow (PS3/360/PC) foi uma grata surpresa para mim.

Razões? 1. Sou um grande apreciador de hack n slash, e sua fórmula claramente inspirada em games como God of War e Devil May Cry fizeram minha cabeça; 2. Me amarro nos jogos de Castlevania clássicos e principalmente daquele que é um dos melhores games de todos os tempos: Symphony of the Night; e 3. Já fazia tempo que a Konami tentava uma inclusão de Castlevania no universo 3D, todas mal sucedidas… Ao menos até Lords of Shadow.

Mas, é sobre Mirror of Fate que ele deveria estar escrevendo.” – Talvez lhe ocorra isso enquanto ergue a sobrancelha. A razão de eu ter escrito sobre o LoS original é que existe uma grande chance de você NÃO gostar de Mirror of Fate caso tenha desgostado das aventuras de Gabriel Belmont. Não é uma regra e talvez a minha humilde opinião ainda te convença a dar uma oportunidade ao game. Entretanto, Mirror of Fate não é um mero Spin-off como é popularmente feito quando sai uma versão de game para portátil. Trata-se de uma seqüência direta, se passando após os eventos mostrados em LoS e que se mostram de fundamental importância para quem tem a intenção de jogar o polêmico desfecho da saga (LoS 2).

(…)Ainda que o modo de combate de Mirror of Fate seja agradável e bem executado, o game também apresenta ser um plataforma divertido. Serão pulos, pulos duplos, correntes penduradas, saltos em velocidade para atingir plataformas distantes e ainda mais

Mas, não é só na narrativa que se encontram os sabores de “Espelho do Destino”. O game inteiro é uma junção curiosa e intrigante do estilo hack n slash visto em LoS e do estilo clássico side scrolling. Não descarte até mesmo uma associação com Symphony of the Night. Seja por um importante personagem que tem grande importância na trama ou pelo (ainda que pouco) backtracking para procurar novos itens. E não se engane, o estilão de batalha é trazido quase que em toda sua fidelidade para a tela do portátil.

A semelhança é tamanha que alguns dos golpes que você utilizava enquanto Gabriel Belmont em LoS são reproduzidos por aqui. Mas, ainda que o modo de combate de Mirror of Fate seja agradável e bem executado, o game também apresenta ser um plataforma divertido. Serão pulos, pulos duplos, correntes penduradas, saltos em velocidade para atingir plataformas distantes e ainda mais. Inclua aí na fórmula pequenos puzzles e temos um belo de um Castlevania.

 

Conte também com deliciosas referências a outros títulos da série. Nomes como Simon e Trevor Belmont representam os games clássicos, ainda que dentro da mitologia apresentada em LoS e não em referências cânones. Como dito anteriormente, um personagem importante de Symphony of the Night também dá as caras, e mais uma vez dentro da narrativa imposta por LoS. Mas, é aqui que se encontram os grandes trunfos narrativos de Mirror of Fate, ele inclui de forma bem amarrada ao mundo de Gabriel Belmont estas referências, rendendo momentos que ficarão guardados na memória com carinho. Há também outras referências espalhadas pelos cenários ou nos pergaminhos que só quem já jogou outros títulos da série se deliciarão com os insights.

O game inteiro é uma junção curiosa e intrigante do estilo hack n slash visto em LoS e do estilo clássico side scrolling. Não descarte até mesmo uma associação com Symphony of the Night

Coloco como destaque também a bela direção artística com cenários bem escuros e diversos indo de encontro a temática da série. Os personagens e inimigos também estão bem caracterizados com suas roupas cheias de detalhes, armas bem desenhadas e dentes à mostra. Entretanto, ainda que o game possua uma direção artística atraente, seus gráficos não extraem toda potencialidade do portátil. Longe de serem feios, eles se viram bem na proposta estabelecida, mas, quem for mais “chatinho” com um serrilhado aqui ou acolá poderá ficar incomodado.

Os personagens e inimigos também estão bem caracterizados com suas roupas cheias de detalhes, armas bem desenhadas e dentes à mostra. Entretanto, ainda que o game possua uma direção artística atraente, seus gráficos não extraem toda potencialidade do portátil

A trilha sonora é bem executada e ainda que não possua nenhuma canção que fique grudada na memória cumpre bem o seu papel e dá aquele ar de game épico. Em momentos chaves o game apresenta também uns cortes de câmera ingame que lembram alguns momentos marcantes de games de console como God of War 3: uma câmera por cima do ombro enquanto você anda, um inimigo correndo com você em suas costas, um quick time event com câmera em movimento, etc.

Para este que vos escreve o game representou uma gratificante experiência ao longo de suas 14 horas para fazer tudo com 100%: coletando todos os pergaminhos, upgrades de vida e magia, os deliciosos “troféus” do Bestiário que mostram os inimigos em 3D, permitindo zoom e zoom out com suas biografias. Mas, para outros este tempo pode ser curto e representar um revés, então fiquem avisados, pois, depois de se concluir tudo isto não resta muito mais a fazer no game a não ser jogá-lo novamente em dificuldades maiores. Um atrativo pouco interessante para muitos.

Veredito

Mirror of Fate representa um bom game da série Castlevania (ainda que possua uma ou outra falha), em especial para quem sentia falta da progressão lateral da série clássica. Mas, não vá esperando um Metroidvania. Pois, ainda que haja um backtracking sutil por aqui e referências, este trata-se de um game com propriedades que se assemelham mais aos Castlevanias clássicos e, óbvio, a Lords of Shadow. Arrisco-me a dizer que se Castlevania II ou IV fossem lançados nos dias de hoje, com gráficos atuais, seriam mais ou menos assim que os apreciaríamos.