Percebi que nunca escrevi sobre as músicas de Street Fighter, muito provavelmente minha série favorita de todas nos games. Então, chegou o momento. Mas, perceba, esta será a primeira parte deste “Especial Ouvindo Games Street Fighter”.

E ao invés de eu pegar os mais diversos e deliciosos temas desta série que nos brinda com músicas excelentes, eu escolhi fazer diferente. Peguei minha edição comemorativa de 25 anos de Street Fighter e optei por ouvir de cabo a rabo os dois CDs de trabalhos de fãs. Garantindo assim um material mais inédito possível para vocês.

Um destes CDs conta apenas com materiais originais, chamado de Fan Mix Original Works (será a parte II deste especial) e o outro o Fan Made Mix (parte I, esta que você lê), uma coletânea de reinterpretações dos temas de toda a série (exceto o SF V, explicação abaixo).

E eis aqui o Ouvindo Games SF Especial I: Fan Made Mix (os mais sagazes perceberão que este nome esdrúxulo se trata de uma homenagem aos títulos que a própria Capcom dá a seus games).

Apresentações feitas vamos a cinco observações importantes:

1. Eu não sou músico. Sou um gamer. Gosto de dividir minha opinião com os outros, seja em textos, vídeos ou áudio. Logo, as minhas impressões abaixo são apenas observações do que senti ao ouvir estas reinterpretações de temas que amo. Não tive a intenção e nem conseguiria dar uma opinião técnica como músico, pois, como dito, eu não sou um;

2. Observe que a ordem abaixo não é um TOP. Eu gostei muito de todas as canções de ambos os CDS, e neste caso do Fan Made Mix, eu optei por sete das minhas favoritas, as que mais gostei entre 23 composições;

3. Após escutar todas as músicas notará que fiz uma opção por fazer uma mesclagem de ritmos (há Rock, Pop, Rap, Bossa Nova…) e também de abranger o maior número de títulos da série. Temos aqui representados: Street Fighter II, Street Fighter Alpha, Street Fighter III, Street Fighter IV e uma surpresa. Na época do lançamento do material (Fan Made Mix) que deu origem a esta postagem ainda não existia Street Fighter V, logo, não é possível que houvesse reinterpretações de temas deste game;

4. Abaixo você verá primeiro o nome da canção e depois o nome do artista. Exemplo: The Warrior Whitin (canção) – Jason Sturgill (artista);

5. Como sugestão eu indico que vocês leiam e escutem essa coluna com fones de ouvido e seguindo as indicações (de tempo) de alguns temas para melhor compreensão do que eu queria passar para quem lê. Espero que se divirtam. 😉

The Warrior Within – Jason Sturgill

Jason pega o famoso tema de Ryu e tira um pouco (só um pouco) dele as características originais colocadas por Yoko Shimomura. Aqui temos um pouco menos daqueles sons que tornavam a música essencialmente japonesa, mas, sem tirar suas características. Ainda é facilmente perceptível que é o tema de Ryu.

Mas, não fica ruim. Longe disso. Essa reinterpretação é deliciosa e ganha contornos épicos ocidentais à lá Hans Zimmer. Você vai notar que ao um minuto e oito segundos tem uma singela e quase bem escondida homenagem a um outro certo tema famoso de Ryu. Fique atento e segure o arrepio na espinha.

Mind Blowing Love – Jeriah Humprey

Quando resolvi fazer essa seleção de músicas especiais deste Fan Made eu já tinha na cabeça que uma das canções que lembrasse as décadas de 90 e início de 2000 eu colocaria aqui.

Queria isso, pois, eu simplesmente amo e acho completamente marcante as trilhas trazidas pela série Alpha e SF III. O que temos aqui é essa predominância de recursos utilizados nessa época supracitada e que nos leva direto pra este túnel do tempo.

Ainda que a música não tenha tantas camadas, mais uma característica daquela época, ela é muito divertida.

Fallen Hero of Metro City – zerobeat

Cody é, sem dúvida, meu personagem favorito em SF IV e também um dos que mais gosto em toda a série Street Fighter. Além de ter jogado muito com ele (falando em duração, meu rendimento foi pífio), o herói caído de Metro City (nome da canção, inclusive) é a personificação do que um “lutador de rua” representa pra mim.

Em especial nesta série. Veja só, em sua série original o que ele fazia? Descia a porrada nas ruas. Após sua prisão, mais uma característica de um lutador de rua, ser preso, ele faz o que lá dentro? Desce a porrada em outros “lutadores de rua”. Quando ele resolve dar sua escapadinha das grades o que ele faz? Vai pras ruas brigar. Ele usa pedras do chão, facas encontradas por aí, canos de ferro para arremessar seus adversários, não se importa de comer frangos que foram jogados na rua (¬¬’) e ainda por cima desce o braço nos bandidos. Que HOMÃO.

E todo este texto é pra ilustrar em como essa música é efetiva em sua proposta. Zerobeat faz mescla de temas usados em Final Fight e o tema de Cody em SF IV pra trazer essa que deixa bem claro que este homem é dos guetos. Ele completa ainda o pacote musical com beat Box (estilo utilizado pra reproduzir percussão usando a voz) e deixa o tom mais pesado que na versão tema original de SF IV.

Uma delícia.

Spiral Arrow – Phyze

Não se sinta intimidado pelo início que parece um recorte aleatório de falas da Cammy. Phyze acaba construindo aqui um techno com muitas camadas e que é empolgante do início ao fim. Observem que o ápice da música vem prematuramente tendo como base o tema de Cammy em SF II logo a partir dos 01 minutos de música.

A partir dos 3 minutos e 30 segundos temos mais uma aquisição de camada com um, veja só, piano. E não é que funciona? Uma construção curiosa e extremamente divertida. Pode tocar esta facilmente em suas baladas. Sucesso garantido.

Blanka In Brasil – Alan Gee

Temos aqui um estudante e, possível, fã do trabalho original de Yoko Shimomura. Alan Gee reinterpreta o tema original de SF II do nosso brasileiro Blanka como ele foi premeditado pela japonesa: uma suave e saborosa Bossa Nova. Observe atentamente o início cativante e harmônico de violão (talvez um violoncelo?), piano e percussão.

Aos 1 minuto e 10 o piano rouba a cena completamente e a percussão, tão importante pra este tema, perde espaço. Ainda que esta reinterpretação pudesse não funcionar em algum fighting game em si, por exigir uma condução de adrenalina por parte da trilha, é possivelmente o tema de Blanka mais gostoso que já escutei.

Shienkyaku Upskirt – Dustin Dusk Branscum

Sakura Hardcore. É como eu gosto de chamar essa canção.

Aqui temos uma reinterpretação de seu tema, que surgiu originalmente na série Alpha, abandonando a veia J-Pop original e indo pra um rock mais pesado com muita “sujeira” da guitarra e bateria “nervosa”. O clímax vem novamente aos 1 minutos e 10 segundos com um semi-solo de guitarra caprichado e a bateria ficando ainda mais agressiva. O autor consegue ainda manter o tema original facilmente perceptível mesmo sob essa aura rock’n’roll.

Extremamente gostoso. Fuck Yeah! .o/

Victory… – Zack Andrew

Tem coisas que não devem ser ditas. Devem ser sentidas…

Enjoy e até a parte II do Especial Ouvindo Games Street Fighter, o próximo só com canções originais.