Rodando Planeta Gamer

Nintendo Switch – Análise

Nota do Editor:

Essa análise é de autoria do amigo Stalker. Gamer apaixonado e que joga praticamente em todas as plataformas existentes. Ele cedeu esse belo texto que originalmente chamou de “25 Primeiras impressões do Switch“. Como você poderá comprovar após a extensa e completa leitura, verá que se trata de uma minuciosa e hardcore análise do novo console da Nintendo, tamanho o cuidado em destacar cada fator do aparelho. Sendo assim, esta se torna a análise do Rodando Planeta Gamer sobre o Switch. Você pode ler também a análise do autor para Dragon Ball Xenoverse 2 e que também foi publicado aqui no RPG.

Divirta-se!

 

Devo dizer que estou positivamente surpreso com o Switch. Esperava menos dele. Vamos as impressões:

1) Pra galera que aguarda uma versão sem dock pra pagar mais barato, esqueçam. O Dock é uma caixa de plástico e nada mais é do que um hub pros fios. Ele tem um encaixe USB-C que conecta no Switch e o Dock se conecta a fonte e o HDMI pra display em TV-Mode. Só! Mais nada. Não tem cooler, não tem absolutamente nenhuma funcionalidade além de organizar fios e criar a “ilusão” de que o Switch é um console de mesa. Não é. Saporra não adiciona nada ao custo da Nintendo e é bem ofensivo que cobrem USD 90 por um extra (beleza, vem com o HDMI e a fonte, que a Nintendo vende por USD 30 separadamente, mas ainda assim). Não tenho a menor dúvidas de que muito em breve teremos alternativas mais simples, onde dê pra plugar no Switch e conectar o HDMI e a fonte;

2) O Dock realmente tem uma falha de design brutal que é o fato do seu interior ser puro plástico. O Switch não fica rigidamente encaixado dentro dele como ocorre com os controles no aparelho. Isso significa que você pode errar a mira na hora de encaixar e ter que tentar novamente, isso significa que acidentalmente você pode encaixar mais inclinado do que deveria e encostar a tela no plastico duro, etc. Além disso, como ele não fica rigidamente preso, coisas como trocar um cartucho podem fazer você desconectar e reconectar no dock acidentalmente. Não sei se isso pode gerar algum problema no futuro;

3) Seria melhor se tivesse um encaixe mais rígido, similar ao dos Joycons no Switch, que permitisse o console ficar 100% travado dentro do dock e sem chance da tela encostar nele. A parte inferior do dock é levemente emborrachada nos dois lados, onde ficaria a base da tela, mas isso não é o suficiente. Dá pra imaginar que tirando e colocando diversas vezes, pessoas menos cuidadosas frequentemente encostarão a tela no plástico e isso (pode) arranha(r). Película é obrigatório, ou colocar algum tipo de proteção dentro do dock. Tem espaço pra isso, o console não fica rigidamente preso. Da pra entender que a Nintendo quis deixar o encaixe suave pra não comprometer a grande sacada do console que é conectar e desconectar do dock (conexão TV) de forma suave e sem dificuldades. Mas isso deixou o aparelho mais sujeito a danos. Além disso, poderia também não ser um dock que cobrisse a tela, mas aí eliminaria a “ilusão” de que é um console de mesa;

4) O encaixe dos Joycons no grip ou no console é perfeito. Eles têm um “trilho” que garante o encaixe perfeito um no outro, e o encaixe é solido, com um belo “Clique” confirmando que está tudo correto. Um toque em um botão na traseira do Joycon garante uma fácil remoção deles para serem usados de outro modo. Ao encaixar na tela, ele instantaneamente detecta que está em modo portátil. Ao encaixar no grip, o grip e os Joycons instantaneamente detectam que estão encaixados. É tudo muito fluido e funciona muito bem;

O encaixe dos Joycons no grip ou no console é perfeito. Eles têm um “trilho” que garante o encaixe perfeito um no outro, e o encaixe é solido, com um belo “Clique”

5) O mesmo não pode ser dito do strap. Ele encaixa de maneira similar, mas tem uma trava própria. Cuidado com isso, é um pequeno plástico branco que determina se o strap está travado ao console ou não. Não tentem remover se a trava estiver ativada. E desativando essa trava, ainda assim o encaixe é super rígido e não sai com a mesma fluidez do Grip ou do console. Nada absurdo, apenas demanda um pouco mais de atenção;

6) A grande surpresa pra mim é o Joycon. Quando vi, achei que fosse ser estranho, pareciam muito pequenos. Mas eles são BEM confortáveis. Mais que o Wiimote por exemplo. Eles tem uma curvatura abaixo dos gatilhos que é ótima para descansar os dedos, e a curvatura lateral dele assegura que da pra descansar o dedo sobre o gatilho (sem pressionar) e ficar bem confortável. Muito melhor que o esperado;

Acredite: o pequenino Joycon consegue oferecer conforto e supera o Wiimote

7) Em modo lateral, o strap torna o controle bem mais confortável e melhora o acesso aos botões L e R. Também é melhor que o esperado. Inicialmente é estranho, os botões são pequenos, ficam próximos ao analógico. Mas é melhor do que parece. Se você já jogou um NES, jogo de celular, um GBA Micro, tem uma ideia do que esperar. Esse modo é primordialmente pra jogar jogos mais simples e multiplayer, como Mario Kart, Snipperclips e Bomberman, e é um sacrifício aceitável para ter a praticidade de dois controles separados no aparelho;

O Strap torna o controle bem mais confortável e melhora o acesso aos botões L e R (…), inicialmente é estranho, os botões são pequenos (…), mas, esse modo é primordial pra jogar jogos mais simples e multiplayer, como Mario Kart

8) Infelizmente ele não tem direcional. Pra garantir uma certa simetria entre os dois controles, o “direcional” é substituído por 4 botões do mesmo tamanho que os ABXY. Novamente, um sacrifício aceitável para ter a praticidade de dois controles separados no aparelho, ainda mais num mundo onde quase não se joga mais usando o direcional. Apenas jogos de luta e jogos de plataforma sidescrolling realmente se beneficiam de um direcional. Os de plataforma dá pra encarar. Mas os de luta, se quiser jogar no direcional, compre um Pro Controller. Não rola;

9) Os botões são pequenos. Mas quem estiver habituado a jogar em um Playstation Vita ou Nintendo 3DS não terá a menor dificuldade. É mais ou menos o mesmo tamanho. A pegada dele é similar a do PS Vita, com os analógicos pequenos e distância deles pros botões sendo quase a mesma;

10) O Joycon grip é surpreendentemente bom. Eu achei que fosse ficar louco por um Pro Controller day-one, mas não é o caso. Ainda quero um, mas os Joycons conectados no Grip cumprem a função muito bem;

11) Já em modo portátil, fica ótimo. É como se estivesse jogando um PS Vita com tela ainda maior. E que tela! Não perde em nada pra do Vita e ainda é maior. Felizmente não tenho nenhum dead pixel, então fica tudo lindo. Único detalhe é que, para um portátil, ele é bem grandinho. Com uma case pra carregar, ele fica maior ainda. Então pensem nisso ao levar por aí (NE: Stalker não mora no Brasil, então, se for “levar por aí” é melhor pensar duas, três, quatro cinco vezes mais que ele);

12) Como um todo, os controles são bons. Mas eles tem muitas opções e funções, e como tem que funcionar em todas, não são excepcionais em nenhuma. Apenas bons e funcionais em todas. Não tive problema de sincronia depois de algumas horas jogando Zelda em TV Mode. Vamos ver se terei no futuro. Não pude testar a bateria dos Joycons ainda, mas diz a Nintendo que duram 20 horas;

13) O som do aparelho também é muito bom. As caixas de som ficam na parte traseira e tem um áudio bem bom e bem alto;

14) O Switch não suporta headset bluetooth. Isso é um problema. Em modo portátil, beleza, basta encaixar headphones. Mas em modo TV, não dá pra jogar com headset, salvo se tiver algum que se conecte diretamente na TV;

Se pensa em jogar com Headset no Switch, pense de novo!

15) Além do descrito acima, ele tem o “Tabletop Mode”. Tem um pequeno stand na parte traseira do aparelho (que serve de tampa pro cartão micro SD). O stand é OK. Bem barato. Não tem níveis de inclinação diferentes nem nada. Ele inclina o que inclina e pronto. Se quiser mais ou menos, não tem o que discutir. Cumpre a função. Mas a entrada USB C pra carregar é na parte de baixo do aparelho, então esqueça carregar e jogar;

16) O TV Mode, e mais ainda, a transição de TV Mode pra Portable Mode é exatamente como divulgada. Em questão de segundos o jogo pula da tela do Switch pra TV, e mais rapidamente ainda da TV pra tela do Switch quando desconectado. É extremamente fluído e esse é o coração da proposta do console. Uma proposta que pra mim é a realização de um sonho. Literalmente temos o mesmo jogo que jogamos na TV para continuar na rua, e retornar a TV mais tarde. Isso começou com o Super Gameboy, que permitia rodar gameboy no SNES (mas, dependia de ter dois aparelhos + um cartucho especial), continuou no PSP (mas foi removido em versões subsequentes), que podia ser conectado a TV e novamente no PS Vita, que permitia o cross-buy, cross-save com jogos (mas novamente, dependia de ter dois aparelhos e não raro comprar duas versões do mesmo jogo). Mas agora finalmente essa ideia se realizou totalmente. Temos um aparelho, uma compra de jogo, e que pode ser jogado em qualquer lugar. E pra quem curte portáteis, não tem ideia melhor;

O TV Mode, e mais ainda, a transição de TV Mode pra Portable Mode é exatamente como divulgada. Em questão de segundos o jogo pula da tela do Switch pra TV, e mais rapidamente ainda da TV pra tela do Switch quando desconectado. É extremamente fluído e esse é o coração da proposta do portátil console.

17) A fonte finalmente é bivolt. Infelizmente, assim como no Nintendo 3DS, a “caixa” da fonte tem os pinos para plugar na tomada direto nela. Isso significa que se tiver uma régua ou filtro de linha, arrume espaço para um tijolinho na sua tomada. Seria melhor se fosse similar ao Vita, onde um cabo sai do aparelho pra se encaixar na fonte, e outro cabo sai da fonte para ir na tomada. Além disso, ela é grandinha pra fonte de um aparelho portátil e pequena pra fonte de um console;

18) Não pude testar a bateria ainda. Joguei um pouco em podo portátil e umas horas em modo TV. Aviso depois que testar jogando uma tarde de Zelda no portátil.

OS e Setup

19) O setup do console é ridículo de fácil. Em algo como 5 minutos você instala os cabos, configura o Switch, baixa o day-one update e loga com sua conta. É absurdamente simples e qualquer um pode fazer. Inclusive, tudo isso é feito com o portátil mesmo, sequer é necessário conectar a TV;

20) A OS é igualmente simples. No momento dá pra acessar uma parte de notícias, com tutoriais super bonitinhos usando imagens desenhadas de personagens clássicos da Nintendo, trailers e etc. Clean, sem firulas, direto ao ponto;

21) Além disso temos a loja, que é a da sua Nintendo ID (não a Nintendo Account). A Nintendo Account você pode mudar a região livremente, mas isso desvincula a Nintendo ID, que é presa a região escolhida originalmente. É… confuso;

A Nintendo Account você pode mudar a região livremente, mas isso desvincula a Nintendo ID, que é presa a região escolhida originalmente. É!… confuso

22) Pra acessar outras lojas, basta criar uma nova Nintendo ID de uma região diferente, vincular outra Nintendo Account, e logar no Switch. Múltiplos perfis podem conectar simultaneamente, então é o simples caso de manter todas no aparelho e ir comprando conteúdo em cada uma. Não parece ser o caso de tudo ficar vinculado a uma única Nintendo Account. Uma bagunça do cacete por causa das gambiarras da Nintendo pra criar um sistema de contas. Ao invés de criar um sistema de conta, ela criou uma conta “guarda-chuva” que você linka as suas demais contas Nintendo, como Nintendo ID (a que era usada no 3DS), Mario Run ou Miitomo;

Os Miis ainda existem. Você se importando com eles ou não

23) Além disso temos uma opção pra gerenciar o controle (para fazer o pairing de controles adicionais ou mudar o modo de controle). Mudar o modo de controle significa o seguinte: em alguns jogos, tipo Snipperclips, você usa o joycon obrigatoriamente na lateral. Ao retornar ao menu, o controle permanece na lateral (ele não pode ser mudado para o modo Grip com o outro joy con só virando o controle como um smartphone). Para mudar para a outra forma dele, basta ir nessa opção, apertar um botão e automaticamente o Switch entende que o controle deve ser usado em outro modo. Seria legal se tivesse uma forma mais simples de fazer isso. Não parece ter no momento;

24) Fora isso, o básico, gerenciar opções, onde dá pra criar Miis também (eles ainda existem) e colocar o console pra dormir. Ele acorda instantaneamente e pode ser ativado com um rápido toque de um botão. Ligar também é muito rápido, e em questão de segundos o console está ligado e já rodando um jogo;

25) Além disso, dá pra gerenciar a conta, onde é possível adicionar amigos. Sim! Os (famigerados) Friend Codes estão de volta. Está um pouco menos imbecil, pelo menos. Antigamente, para adicionar amigos, era necessário que OS DOIS soubessem o friend code um do outro, e só se os dois se adicionassem que o amigo aparecia na lista. Agora se um adicionar o Friend Code, o outro recebe um friend request, similar ao que ocorre em outras plataformas quando adiciona alguém pelo nickname. Friend Codes continuam sendo estúpidos, mas estão menos péssimos.

Veredito

Switch é um belo portátil que pode se passar como um console e não o contrário

Ainda tenho muito a explorar do aparelho e pode ser que mude de ideia em alguns pontos, entretanto, no estado atual, é bem claro pra mim que o Switch é um portátil muito bom e que possui um modo console. Como portátil ele brilha. Não é um console de mesa. Ele apenas tem essa função extra e muito boa. Ele tenta fazer muitas coisas. Tenta ser um portátil, tenta ser um console. Tenta ter controles tradicionais, tenta ter controles não convencionais. Ele tenta tudo, e por isso tem que fazer sacrifícios de um lado ou de outro, não sendo perfeito em nenhum dos pontos. Mas bem bom em muitos, e está ótimo assim.